Uma carta aos pais |
Olá. Tudo bem?
Vamos conversar sobre o desenvolvimento do seu filho (a)?
Quando um filho nasce, nosso primeiro desejo é que ele tenha saúde, porém, também esperamos
que suas características e
habilidades se desenvolvam dentro daquilo que chamamos de “esperado”. Quando ele deve se
sentar? Falar? Andar? Sair da fralda? E na escola, quando precisa aprender a ler e escrever?
Recortar e colar? Se relacionar bem com os colegas, com a professora? Enfim, sem perceber,
quando nosso filho nasce, já temos uma lista de coisas que esperamos que aconteçam “no
tempo certo” e, claro, “do jeito certo”.
Com o passar do tempo vamos percebendo que, quando se fala em maternidade ou em
desenvolvimento de filhos, os planos podem não acontecer da forma como esperamos ou
como havíamos nos preparado. Além dos nossos próprios questionamentos para entender o
que pode estar acontecendo, precisamos lidar também com a escola que nos chama a todo
momento para dizer que nosso filho não está se adequando ao esperado para sua idade.
Os desajustes sociais, cognitivos ou emocionais na vida dos nossos filhos podem acontecer
por diferentes motivos – algum distúrbio de aprendizagem (dislexia, discalculia, disgrafia,
etc.), algum transtorno do neurodesenvolvimento (TEA, TDAH, TOD, etc.), questões
comportamentais ou emocionais – para os quais hoje (ainda bem!), temos muitos profissionais
preparados para lidar. Eles podem estar na escola (professores, coordenadores ou diretores)
ou na saúde (psicólogos, médicos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, psicomotricistas,
dentre outros).
No entanto, ainda existe uma condição que pode, em muitos casos e por diferentes
circunstâncias, passar despercebida pela família e pelos profissionais. Essa condição se
chama, no Brasil, Altas Habilidades/Superdotação. Ela se caracteriza por habilidades
elevadas, que
se destacam na criança, no adolescente ou até mesmo em nós, adultos, em diferentes áreas do
conhecimento humano. Esse destaque de habilidades pode acontecer em apenas uma área ou
em várias áreas ao mesmo tempo, sendo elas: habilidades acadêmicas, de criatividade, de
liderança, psicomotoras ou artísticas, associadas a um alto grau de motivação.
E por que nós não conseguimos perceber que uma criança pode apresentar as características
associadas a essa condição? Diversas são as respostas para essa pergunta e precisaríamos de
uma longa conversa para esclarecer cada uma delas, porém, brevemente podemos pensar em
diferentes mitos que envolvem esse tema (toda criança inteligente não precisa de ajuda; toda
criança inteligente é comportada; se for mesmo inteligente vai se sair bem em todas as
áreas; dentre outros). Cada um desses mitos, infelizmente, tem o papel de tornar essas
crianças
invisíveis ou, até mesmo, dizer que elas possuem algum outro quadro clínico, mas,
dificilmente, nos deixa abrir os olhos para a infinidade de potencialidades que essa criança
pode apresentar!
Pensando em tudo isso e retornando ao início do texto, quando eu falei que nosso desejo é
que nosso filho tenha um desenvolvimento “dentro do esperado”, eu quero dizer que talvez
seu filho não siga o padrão de desenvolvimento típico, porém, ele continua tendo habilidades
e características únicas. Quero dizer também que se você tem um (a) filho (a) que tem
enfrentado dificuldades escolares, sejam elas comportamentais ou acadêmicas, que tem
habilidades diferenciadas (que se destacam ou que estejam adormecidas), mas que você, a
escola ou ele (a) mesmo (a) não estão sabendo o melhor caminho a seguir, nós podemos
conversar e descobrir juntos a forma como ele (a) tem se desenvolvido.
Não desista. Procure ajuda. Estou aqui.
Um abraço,
Priscila Zaia.